PerimetralOeste_Lamarao

Foto: Mateus Souza/Assistência Social

Nesta quinta-feira, 14, a Prefeitura de Aracaju, por intermédio da Diretoria de Gestão Social da Habitação, da Secretaria Municipal da Assistência Social, deu continuidade ao sorteio da localização das 484 unidades habitacionais do Residencial Lamarão, construídas a partir do projeto da Perimetral Oeste, que integra o Programa de Requalificação Urbana Construindo para o Futuro, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em um investimento de R$ 43,7 milhões. Do total de residências, 219 foram destinadas às famílias realocadas em decorrência da obra, e 265 unidades foram sorteadas para beneficiários que estavam no Auxílio Moradia há mais de 10 anos, sendo, destas, 20 unidades destinadas para pessoas em situação de rua e/ou acolhimento.

O momento do sorteio, que ocorreu durante os dias 13 e 14, representa a penúltima etapa do processo de entrega das residências e configura um misto de emoção e ansiedade para a comunidade, já que os futuros moradores passaram a ter acesso ao endereço da sua unidade, como rua, bloco, número, e se a unidade é térrea ou superior. Para muitos, a casa própria representa um sonho, para outros, uma questão de necessidade, mas, para além de uma chave e uma documentação, essa realização representa uma possibilidade de esperança e de transformação. “Nós estamos trazendo dignidade para essas famílias, fazendo com que elas acessem uma série de benefícios, acessem direitos, e acho que acessar o maior bem do ser humano, que é sua casa própria, nessa reta final de sorteios o sentimento é de dever cumprido, não só eles saem felizes, como nós da Prefeitura de Aracaju saímos gratificados, de poder ver que agora essas pessoas têm onde criar os seus filhos, em comunidade e com segurança”, reforça a secretária da Assistência Social, Rosária Rabêlo.

“A gente pensa que é algo muito teórico, e hoje nós vemos a concretização disso, a satisfação das famílias por terem seus direitos respeitados, então é uma gestão que, além de trazer o direito à moradia, deixa os moradores a par das obras, trazendo a qualificação dessas pessoas para que elas sejam mais preparadas para o desenvolvimento que a obra está trazendo”, complementa a técnica de referência de projetos sociais na área de habitação da Avenida Perimetral Oeste, Alexandra Déda.

O coordenador da Proteção Social Especial, Edilberto Filho, descreve o momento como histórico e relata a gratificação em fazer parte da equipe, que atua de forma integrada para a efetividade da garantia de direitos. “O direito ao acesso à moradia é um direito pétreo que está na nossa constituição e, a partir de um olhar técnico, de um olhar, inclusive, intimista com o público mais vulnerável da capital sergipana, a Prefeitura, através da Assistência Social, consegue organizar esse grupo e garantir o acesso à moradia popular, e isso mostra o quanto é importante as políticas públicas serem integradas. O que nós estamos fazendo é histórico, nós estamos garantindo o direito de pessoas que estão em situação de rua ou estão na saída da situação de rua, dentro dos acolhimentos institucionais, para sua própria residência, garantindo a efetivação dos seus direitos e transformando as vidas, isso gera uma transformação na autoestima, uma transformação na forma de vivência, uma reconstrução e uma releitura do que é ser humano, do que é viver, e esse momento é de muita alegria e muita emoção”, pontua Edilberto.

Para Maria Aparecida Guimarães, beneficiária do Auxílio Moradia há 15 anos, a felicidade é imensurável. Cadeirante, a preocupação de dona Maria era conseguir uma casa adaptada onde ela pudesse reunir seus filhos e netos. “Eu estou sentindo muita emoção mesmo, eu esperei muito e estou muito feliz que eu vou ter minha própria casa, vou poder dizer que tenho uma casa, e saber que agora vou conseguir receber minha família, meus netos, minha filha. É um sonho! Vou receber todo mundo e arrumar ela com a minha cara”, conta a beneficiária.

“Eu já tive aquela doença, então eu pensei que eu ia morrer e não ia ter uma casinha própria nunca. Graças a Deus, o Pai Celestial me deu e agora eu estou muito feliz, muito satisfeita mesmo, cheguei nem a dormir ontem. Eu não tenho nem palavras para dizer, toda a equipe da Assistência Social me atendeu muito bem, todos muito especiais”, descreve Ana Maria Costa, aposentada, 64, beneficiária do Auxílio Moradia há mais de dez anos.

Depois de muitos anos nas ruas, bem como em abrigos, as pessoas em situação de rua e/ou extrema vulnerabilidade, veem na casa própria a oportunidade de se reinventar, de poder ressignificar sua jornada e ter a segurança de um lar para descansar no final do dia. É o caso da Daniela dos Santos Alves, 33, assistida pelo Centro Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro POP) desde fevereiro. Ela conta que levava uma vida difícil morando de aluguel com os três filhos.

“Eu sofri muito com meus filhos, e foi muita dificuldade, trabalho na rua, passei muito tempo devendo aluguel, acabei sendo expulsa por não ter condições financeiras de pagar, então eu sofri muito e, para mim, é uma honra isso aqui. É muito gratificante, porque todo mundo tem seu próprio sonho, mas o meu era ter o meu lar, poder chegar em casa depois do meu trabalho, com meus filhos, descansar, dormir em paz sem ninguém tá me cobrando nada, sem dever nada pra ninguém, sem estar sendo expulsa. Durante esse tempo, a equipe me deu assistência com meus filhos, procurou saber por qual motivo eu estava naquela situação, eu participei dos encontros e agora só gratidão, porque eu não tinha apoio de ninguém, então desde ontem que eu choro, essa situação não tem dinheiro que pague, é uma felicidade que não tem tamanho”, relata, emocionada.

A ansiedade de Marcos Vinícius Trindade também se mostra imensurável. Ele, que há um ano saiu da situação de rua e começou a ser assistido pela Casa de Passagem Municipal Freitas Brandão, conta que está conseguindo reestruturar sua vida através da política pública de Assistência Social. “Eu caí no mundo das drogas e perdi tudo que eu tinha na vida, acabei indo para as ruas e, através do Centro Pop, fui bem recebido pela equipe, depois dali eu fui encaminhado para o Freitas Brandão, e nesses processos eu fui muito bem acolhido como se fosse filho, consegui dar entrada na minha aposentadoria e, graças a Deus, agora vou ter minha casa, no meu nome, então só tenho a agradecer pela Prefeitura de Aracaju e pela gestão excepcionalmente exemplar, sou muito grato”, conta Marcos.

Oficina de Educação Financeira

As 20 famílias em situação de rua, e que se encontram atualmente em situação de acolhimento institucional, que receberão unidades habitacionais, participaram de uma edição especial da Oficina Grana Preta, realizada pela Gerência de Igualdade Racial da Diretoria de Direitos Humanos. O objetivo principal foi levar a essas pessoas um conhecimento para lidar com o dinheiro de forma mais consciente e inteligente, e dar mais ferramentas para a transformação da vida. “É importante a gente desmistificar que educação financeira não é apenas para rico, para quem tem dinheiro, educação financeira é para o cidadão saber como lidar no seu dia a dia, saber como se organizar na sua vida, isso faz parte do cotidiano do cidadão. A gente está muito feliz em estar proporcionando um momento desse para um segmento tão excluído e invisível na sociedade”, afirmou a secretária, Rosária Rabelo.

14/11/2024

Compartilhe