A infância é a fase ideal para semear conceitos e, por isso, a Prefeitura de Aracaju tem ampliado, por meio das secretarias municipais do Meio Ambiente (Sema), de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplog) e a Secretaria Municipal da Educação (Semed), e com investimentos do Banco Internacional de Desenvolvimento (BID), as ações de educação ambiental voltadas para conscientização de crianças e adolescentes, alunos das redes públicas e privadas de Aracaju.
As principais atividades de educação ambiental desenvolvidas na capital integram o projeto Arte de Semear, que ficou entre os finalistas do prêmio Super Heróis do Desenvolvimento 2022, promovido pelo BID, estando entre um dos maiores projetos de implementação de soluções criativas e inovadoras voltadas para a conscientização ambiental, do mundo. Estas ações vêm acontecendo desde o ano de 2018, quando o projeto Arte de Semear teve início. Em 2019 ele passou a ser ampliado com a chegada dos incentivos financeiros do BID.
O secretário municipal do Meio Ambiente, Alan Lemos, reforça que a educação tem sido um dos pilares da gestão ambiental do município de Aracaju.
“Essa integração com os estudantes, tanto de escolas públicas municipais, como de colégios privados, tem sido um passo fundamental para solidificar nas crianças e adolescentes a consciência ambiental em prol de uma cidade mais sustentável”, avalia o gestor.
Ainda segundo Lemos, a partir do projeto Arte de Semear, a Prefeitura conseguiu concretizar as estruturas das ações e organizar de maneira mais planejada.
“É um programa que passa a ter continuidade. Não é mais um projeto pontual. As ações continuam sendo desenvolvidas no Parque da Sementeira, e tem sido tão bem-sucedido que não apenas as escolas das redes públicas e privadas de Aracaju, mas até outros municípios sergipanos têm demandado participar das ações”, acrescenta o secretário.
Os resultados do que vem sendo semeado pela gestão já podem ser visualizados com a transformação de comportamento das crianças dentro das escolas, conforme conta a coordenadora ambiental do Programa de Requalificação Urbana, Heloísa Thaís Rodrigues.
“A realização do projeto está fomentando essa mudança de comportamento das próprias crianças, segundo os gestores das escolas nos informam. Eles nos dão esse feedback de que o comportamento dos alunos mudou por conta das ações que o projeto tem feito. Por exemplo, tem escolas em que crianças tinham mania de deixar a torneira aberta propositalmente, e nós realizamos um trabalho específico com essa temática, da importância da economia da água para o planeta, e eles já não fazem mais. O mesmo ocorreu com crianças que tinham o hábito de jogar lixo no chão e, hoje, elas já descartam corretamente, entre tantas outras mudanças de comportamento que nos foram relatadas”, conta Heloísa.
Arte de Semear
Dentro do projeto Arte de Semear, a Prefeitura, por meio de um trabalho intersetorial envolvendo a Sema, Seplog e Semed, realiza ações de educação ambiental com crianças e adolescentes tanto dentro do Parque Governador Augusto Franco (Sementeira), no Horto Municipal localizado no interior do parque, como também fora destas instalações, indo diretamente nas instituições de ensino e demais equipamentos públicos, além de atividades na Reserva Ambiental do Parque Poxim.
De acordo com Heloísa, com a chegada do investimento do BID, o projeto ganhou ainda mais força, podendo atingir cada vez mais crianças. Atualmente, as ações chegam, por ano, até quatro mil estudantes da rede pública e privada de ensino, em Aracaju. O objetivo principal é sair do âmbito escolar e levar o público-alvo a vivenciar experiências lúdicas em contato direto com a natureza.
“As crianças se sensibilizam muito por meio de atividades lúdicas, por isso começamos a introduzir ações e atividades lúdicas para estimular essa sensibilização voltada para a conservação ambiental, levando as mesmas para um senso crítico também”, destaca a coordenadora.
Ações
Trilha teatral, rodas de conversa, visitas guiadas e oficinas são as principais atividades de educação ambiental que estão sendo realizadas pela gestão com as crianças e adolescentes por meio do projeto. Uma destas ações é o mundo encantado do Ujacará. Essa é uma junção de teatro e educação ambiental onde, de forma lúdica, as crianças aprendem sobre as principais atitudes individuais que devem ter em prol do meio ambiente.
Segundo a coordenadora de Educação Ambiental da Sema, Paula Alves, Ujacará consiste em uma trilha de visita guiada para apresentação do Horto Municipal. A equipe de teatro destaca a produção do plantio de mudas florestais, medicinais e ornamentais para a arborização da cidade.
“O Ujacará é como se fosse um mundo encantado. A criança entra e conhece personagens por meio de uma esquete teatral, como uma fada que cuida do ambiente, ou uma princesa que está preocupada com a questão do descarte irregular, entre outras. As esquetes teatrais são produzidas a partir da necessidade que as escolas apontam”, explica Paula.
Além disso, o Ujacará também leva os estudantes para uma visita no Meliponário, localizado também no Horto Municipal, para o conhecimento das principais espécies de abelhas e a sua importância para a construção de um meio ambiente saudável, já que, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), as abelhas são responsáveis pela produção de cerca de 70% da polinização das plantas cultivadas, além de serem essenciais para a produção de alimentos e da vida humana.
“O Meliponário é um grande atrativo no projeto. Temos nele a criação das abelhas nativas e, também, de forma bastante lúdica, falamos sobre a importância da preservação destas espécies para o ecossistema. Nesse espaço, o trabalho de educação ambiental é mais focado naqueles que estão dando os primeiros passos para uma consciência cidadã, no caso, o público infantil. No entanto, não somente o Meliponário, mas todo o Horto está de portas abertas para a população geral, no sentido de expandir a conscientização”, destaca a coordenadora.
Outra ação realizada pela gestão por meio do projeto Arte de Semear são as oficinas. Nestes encontros, os estudantes aprendem, na prática, como reutilizar para evitar descarte irregular de resíduos sólidos.
“Temos oficinas para produção de puffs, para produção de composteiras, para a realização da compostagem caseira, além de oficinas para construção de hortas urbanas. Inclusive, já implantamos algumas hortas nas próprias instituições de ensino, para as crianças viverem, na prática, de maneira rotineira. Também fazemos oficinas de confecção de brinquedos com materiais recicláveis”, ressalta Paula.
Além das visitas guiadas no Parque da Sementeira, o projeto também realiza uma visita com acompanhamento na reserva ambiental do Parque Poxim. “O objetivo desta ação é incentivar as crianças a não descartar lixo irregularmente às margens do rio ou sobre qualquer outra via urbana, porque acaba indo diretamente para o rio. Então, trabalhamos a importância da preservação dos manguezais porque, neste ecossistema, também existem espécies nativas até de consumo humano, como o caranguejo. Temos uma mascote do caranguejo uçá que é introduzida na visita para mostrar o quão importante é a preservação do mangue para que essas espécies continuem existindo”, explica a coordenadora.
O projeto já chegou a 74 escolas da rede municipal e cerca de 26 da rede privada e, segundo Heloísa Thaís, o principal fator que destaca o sucesso do projeto é a possibilidade de continuidade das ações dentro das escolas e também no dia a dia das crianças.
“O Arte de Semear vem da premissa de uma educação ambiental continuada, que é muito importante para promover a sustentabilidade. Todas as atividades feitas pelo programa vêm em busca do fortalecimento da sustentabilidade do município, e vem, junto com as crianças, promover uma maior relação de pertencimento, uma maior relação entre sociedade e natureza, de forma continuada”, reitera a coordenadora ambiental do Programa de Requalificação Urbana.